Lagar Medieval Rupestre de Coura

Um lagar de vinho medieval do tipo “bica aberta” Ler Mais

______________________________________________________________________________________

Estela Funerária Romana de Vila Caiz

Consulte aqui um estudo da autoria de Armando Redentor, Luís Sousa e Carlos Gonçalves sobre uma estela funerária que se encontra na Quinta da Pena em Vila Caiz

______________________________________________________________________________________

Um quadro sociológico da freguesia de Vila Caiz entre 1901 e 1926

Eliseu Pinto

O Padre Álvaro da Silva Barbosa, nascido em Santiago de Figueiró em 3 de Setembro de 1886, paroquiou Vila Caiz de 1894 até à sua morte, ocorrida em 26 de Abril de 1927. No dizer de Fernando Ferreira Sousa Cardoso, foi

«um homem de largas vistas e decidida iniciativa; bom conselheiro, esclarecido confessor; perspicaz interprete jurídico; de palavra sensata, prudente e conciliadora. Foi verdadeiramente dedicado ao seu múnus pastoral, um verdadeiro apóstolo, até ao seu último alento».

Ler Mais

______________________________________________________________________________________

 A POPULAÇÃO DE VILA CAIZ ENTRE 1775 E 1789

Contributos Monográficos

Introdução

O estudo do presente período (1775 a 1789) não obedeceu a nenhum desígnio ou capricho especiais.

Estudou-se este lapso de tempo como podia ter-se estudado outro qualquer; os dados estão disponíveis e abarcam o período que vai dos alvores do século XVI até ao final do século XIX.

No caso vertente, está-se ainda bem dentro do Antigo Regime, que se baliza entre 1609 e 1806 e se caracteriza, grosso modo, por enformar uma sociedade ruralizada, muito dependente da agricultura e onde a Igreja se apresenta omnipresente e impõe visivelmente a sua influência. (ler mais…)


A propósito de uma estela funerária romana de Vila Caiz (Amarante)

Desde há algumas décadas, acolhe a Quinta da Pena uma estela funerária da época romana, que, ao que tudo indica, será proveniente de um outro ponto da freguesia de Vila Caiz, concelho de Amarante, na qual se localiza, tendo sido transportada para este prédio por oferta aos seus proprietários. A estela terá sido descoberta nas imediações do lugar de Vilarinho, talvez procedente da necrópole colocada a descoberto na sequência da construção da estação ferroviária Ler Mais… 


AMARANTE
 
Quem me dera ter tintas e pintar
esta meiga verdura que me encanta;
o rio manso que murmura e canta
de dia ao sol e à noite à luz do luar;
 
A Serra Mãe que ao longe se agiganta
e no íntimo de mim oiço falar.
A Serra lembra um monge a meditar
no Mistério de Deus que nos espanta.
 
Pintar estes barquinhos de mil cores,
parados junto à Ilha dos Amores,
nesta manhã tão pura que fascina.
 
Pintar, enfim, um céu azul suave
e, nele, o voo breve de uma ave:
movimento gentil que tudo anima.
 
Amarante, 1989
A poesia de Fernando Marques de Queiroz…para conhecer a sua obra visite:

http://fernandomarquesqueiroz.blogspot.com/

Fernando Marques de Araújo e Queiroz nasceu em 26.3.1910 e morreu em 7 de Julho de 2008, na freguesia de Vila Caiz, Amarante.
______________________________________________________________________________________
 

A Etar de Vila Caiz

Após vários atrasos, ao que parece provocados por pequenos problemas ligados à regularização da posse dos terrenos onde vai ser implantada, começaram em princípios de Setembro os trabalhos relativos à edificação da agora denominada ETAR de Vila Caiz.
Primitivamente prevista para a zona de Baia, na ‘fronteira’ entre Vila Caiz e Fregim, praticamente sob a bem conhecida ponte férrea da linha do Tâmega, acabou por ser deslocada para mais a sul. Após duas semanas de escavações, é já bem visível o enorme buraco onde se erguerá, em princípio dentro de dois anos, a enorme estrutura que tratará os efluentes não só de uma grande parte de Amarante mas também de algumas freguesias vizinhas.
As Etar são o género de infra-estruturas que toda a gente sabe serem extremamente necessárias, imprescindíveis mesmo, mas que gozam de uma reputação que as tornam indesejáveis ao pé da porta.
Tal reputação tem, em certa medida, uma pertinente justificação dadas as consequências desagradáveis que o seu funcionamento imperfeito provoca nas suas imediações, sobretudo os maus cheiros.
Temos um mau exemplo bem perto, que é a chamada ETAR de Amarante, que encerrará desde que a de Vila Caiz entre em funcionamento. Inaugurada há poucos anos, foi dito nessa altura que usufruía das mais recentes tecnologias. Rapidamente se constatou que não era bem assim e além de deficiências técnicas não é de excluir que houve erro nas estimativas da sua capacidade efectiva, sobretudo em período estival, como foi evidente e finalmente reconhecido por quem de direito este ano. Mais vale tarde que nunca.
Essa má reputação é bem visível nos comentários dos vilacaizenses que fazem romaria, sobretudo ao domingo, junto do estaleiro da ‘nossa’ ETAR, para constatarem o avanço das obras. São frequentes os comentários do género de que vamos ‘herdar os maus cheiros’ que tanto têm incomodado os amarantinos ultimamente.
Que pensar então?
Francamente, temos de acreditar de que não haverá problemas, dados os avanços técnicos que tem havido nesse género de equipamentos, muito mais fiáveis, como se pode constatar nas recentes ETAR´S em funcionamento por esse Portugal além. Todos ansiamos pelo dia em que poderemos ligar-nos à rede de saneamento e acabar com a actual situação de fossas a poluírem os poços de que muitos dos nossos conterrâneos ainda se servem.
Entretanto esperemos que a reparação do desgaste que a circulação anormal está a provocar na rede rodoviária seja efectuada imediatamente após a finalização das obras.

Engº Luís Magalhães


VILA CAIZ: AS ORIGENS VILACAIZENSES DE MIA COUTO

«Valeu bem a pena viver todos estes meus anos só para poder ter o enorme prazer de ler Mia Couto»- Maria Eulália Macedo, poetisa amarantina.»

Esta maravilha da técnica que é a Internet – com as suas virtualidades e outras potencialidades menos virtuosas (o que, decerto, a torna mais apelativa ainda), fez-me entrar, há tempos, pelas portas adentro um tal senhor Silva.

A um simples clique do rato pude saber que o tal senhor Silva era um contador de histórias de caça, fazendo viver numa delas um tal Joaquim Leite, dos lados de Vila Caiz, segundo referia.

Ora, Vila Caiz é para mim um topónimo mágico e, tudo o que a ela diga respeito…cá vou eu. Sofro dessa maleita de gostar da terra onde nasci e onde nasceram quase todos os meus ascendentes. Deve por isso ter ficado admirado por eu muito querer saber do senhor Leite que na sua história ocupava um secundaríssimo papel. Porém, o caçador não desarmou e lançou-me um misterioso repto, refinado em muita alvorada a calcorrear monte e vale, em muita noite passada em cavaqueira com muitos outros protegidos de Santo Huberto.:

-Se souber quem é o Mia Couto…eu falo-lhe do Joaquim Leite.

E foi a partir daqui que fiquei a saber – com surpresa e alegria – que o consagrado escritor de língua portuguesa, que a reiventa e recria, nascido em tão distante país que o Índico banha, afinal, tinha as suas origens em terras amarantinas.

Com efeito, pude logo buscar a sua genealogia e ficar a saber que os avós paternos de António Emílio Leite Couto tinham nascido e vivido em Vila Caiz, até pelo menos ao seu casamento em 3 de Abril de 1920 na Igreja matriz desta freguesia.

De facto, foi sua avó paterna Laurinda Leite, nascida em Vila Caiz em 1.3.1892, filha de Manuel Justino Leite (nascido em Carvalhosa, Marco de Canavezes) e de Florinda Rosa, esta ,por sua vez, filha de Bento Monteiro e de Maria Rosa, todos nados em Vila Caiz.

E foi seu avô paterno António Luís Couto, nascido no lugar do Cruzeiro, em Vila Caiz, em 12.2.1893, sendo bisavós do autor de Terra Sonâmbula Teotónio Luís Moreira (nascido em Salvador, Amarante), filho por sua vez de Luís Moreira e Maria Joaquina, naturais de Vila Caiz. A consorte do Teotónio foi Florinda Rosa Couto, filha de Joaquim Pinto Couto e este de João Couto e Violante Maria, todos de Vila Caiz e que do grande escritor são, portanto, tetravós.

O consórcio entre os «Couto» e os «Leite» -e que integram o nome do escritor – dá-se justamente em 1920 pelo casamento da sobredita Laurinda com António Luís Couto. Moravam, até aí porta com porta, no lugar do Cruzeiro. Ela na casa que é hoje propriedade de uma filha do senhor Adriano Cerqueira e ele defronte, do outro lado da rua da Feitoria, numa casa já inexistente que se situava em terrenos onde hoje reside o senhor Manuel Vieira. Os santos da porta – como acontece não raras vezes em questões de amor – fizeram o milagre do casamento entre ambos.

O certo é que o casal migrou pouco depois para Rio Tinto em busca, provavelmente, de um futuro melhor. Ali lhe nascem já os filhos, um dos quais Fernando Couto, pai de Mia, também ele distinto homem de letras, com vários livros publicados, homem de fino trato e apurada sensibilidade; dele tenho tido a honra e o proveito de uma frutuosa correspondência, à moda antiga, por cartas regulares, vindas de Moçambique onde se radicou há mais de meio século.

Em Vila Caiz residem cerca de uma vintena de pessoas que mantêm o apelido «Leite» e número semelhante de pessoas com o de «Couto». São todos parentes – e porventura não o saberiam até há pouco – do autor dos saborosíssimos Contos Abensonhados.

No quadriénio 2006-2010 a Assembleia de Freguesia aprovou, por unanimidade, a atribuição do nome de Mia Couto ao antigo Largo do Cruzeiro. Um memorial, perpetua ali, bem perto do local onde residiram os seus avós, o seu nome.

Na Primavera de 2008 esteve agendada uma visita sua a Vila Caiz (e à cidade de Amarante) a qual se frustrou por súbita doença de seu pai.

Porém, em 17 de Junho de 2010, Mia Couto pisou pela primeira vez, como me confidenciou, a Terra que foi dos seus antepassados e fez questão de fotografar a casa que há já mais de meio século deixaram ali e serviu de lar aos «Leite» por muitas gerações. De seguida, ali bem perto, pôde ver com os seus próprios olhos o memorial em granito que assinala o Largo com o seu próprio nome. E ali também, já na presença do Presidente da Junta, Dr. António Jorge Ricardo, Abílio Carlos e do Professor João Queiroz Pinto, Director da EB 2 de Vila Caiz, prometeu voltar.

Sabemos bem que Mia Couto, sendo embora um escritor universal é, antes de mais, moçambicano, ou como melhor diz dele outro vulto das letras – José Craveirinha – «pés, mãos, cabeça e coração se salgam e iodizam no Mar Índico mas…em Moçambique».

Por outro lado, porém, se como diz Ortega e Gasset cada um é ele próprio e a sua circunstância, então, algo nele (Mia), desse tempo e deste espaço, hão-de ser constitutivas de si.

Importa mais, porém, pensar que quem esteve presente nesta inesquecível jornada foi, não tanto o literato Mia Couto, mas mais o António Emílio Leite Couto, num encontro com as suas inelutáveis e antigas raízes. Foi também uma ponte mais que se estabeleceu entre o Atlântico e o Índico e, mais do que isso, um abraço, se bem vi, emocionado entre a nossa Terra Natal –Vila Caiz – e a sua –Moçambique.

Desejo, por último, registar uma palavra de agradecimento ao senhor Fernando Couto: sem a sua intervenção afável mas discreta, creio,nada disto teria sido possível.

Eliseu Pinto

Vila Caiz, Junho de 2010